terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Liberdade?

"Não sei o que estou escrevendo: sou obscuro para mim mesmo."
(Clarice Lispector)

Dois mil e nove chegou. Não há mais o que eu possa fazer para voltar atrás, e nem eu quero voltar. Seguindo em frente e pelas curvas da estrada. Hoje em dia, vejo minha vida com outros olhos, olhos que querem muito mais do que quando eu tinha meus 14 anos. A verdade é exatamente esta, eu decidi minha vida muito novo, com meus 14/15/16 anos eu já sabia o que queria para o resto da minha vida, sem ao menos ter vivido muito, e lutei com todas minhas forças para seguir esse caminho, não aceitava o verbo Mudar em meu vocabulário, e fui seguindo, acreditando que estava fazendo o certo, era Deus, Diabo, Senhor de mim mesmo. Ao menos acreditava nisso... O tempo passou, fui cada vez ficando mais depressivo, atingi o topo da montanha, e queria mais, muito mais. Mas minha falta de mudança não permitia mais, e fui seguindo assim, até chegar ao que eu chamava de fundo do poço, meu caráter joguei no lixo, minhas idéias não valiam de mais nada, tudo parecia impossível, e eu continuei, dizendo que acreditava em tudo ainda, andava em frente, sem ao menos perceber que tudo isso só me deixava pior. Agora, eu sou uma casca vazia, sendo preenchida por tudo aquilo que um dia eu apontei, me tornei um esboço mal feito daquilo que nunca desejei. E fico feliz em ser sempre um esboço agora, não desejo ser mais nada, o que eu sou já é passado, a cada momento estou mudando, afirmo uma coisa agora com toda a certeza, mas posso afirmar outra, uma antítese do que disse antes, pouco depois, com a mesma convicção do que disse antes. Quero mais, nunca mais me prender a liberdade. “O que eu desejo ainda não tem nome.”